Data de lançamento de:2024/9/16 15:38:37 crash na betano

crash na betano

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A pesquisa mapeou a presença de 22 facções nos Estados da Amazônia

*Atenção: este texto cita crimes que podem ser considerados 💶 perturbadores

A atuação de facções criminosas tem avançado nos Estados da Amazônia, atingindo um grande número de municípios e contribuindo para 💶 índices de violência muito acima da média do Brasil, mostra um estudo publicado nesta quinta (29), pelo Fórum Brasileiro de 💶 Segurança Pública (FBSP).

A pesquisa mapeou a presença de 22 facções nacionais e estrangeiras em 178 municípios da região, nos quais 💶 vive mais da metade da população (57,9%).

Além disso, cerca de um terço do total dos moradores (31,12%) da Amazônia vivem 💶 em municípios onde há disputa por poder e território entre organizações criminosas.

As consequências, mostra a pesquisa, são índices de violência 💶 muito acima aos do resto do Brasil.

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A taxa média de mortes violentas intencionais foi de 33,8 💶 em cada 100 mil habitantes, um número 45% maior do que a média nacional (de 23,3 para cada 100 mil 💶 habitantes).

Cerca de 15 municípios — a maioria no Pará e no Mato Grosso — conviveram com uma violência ainda mais 💶 extrema, de 80 mortes por cada 100 mil habitantes.

Outros marcadores de violência acompanham essa alta: a taxa de feminicídio é 💶 30,8% maior na Amazônia do que no resto do Brasil e a taxa de estupros é 33,8% superior à média 💶 nacional.

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A região tem uma importância estratégica para organizações criminosas, que buscam controlar as 💶 rotas de transporte de drogas tanto para distribuição no Brasil quanto para o repasse para outros países, explica Renato Sergio 💶 de Lima, pesquisador do FBSP e um dos coordenadores do estudo Cartografias da Violência na Amazônia.

A pesquisa foi feita na 💶 Amazônia Legal, região composta pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do 💶 Maranhão.

A atuação das facções, entretanto, não se resume ao tráfico de drogas. Segundo os pesquisadores, elas passaram a controlar cada 💶 vez mais redes criminosas mais amplas, que envolvem desde trabalho análogo à escravidão, exploração sexual e invasão de terras indígenas 💶 até crimes ambientais como exploração ilegal de madeira e minérios, tráfico ilegal de animais e pesca predatória.

“As facções vão ocupando 💶 o território e o gerindo a partir de uma simbiose entre crimes ambientais, grilagem de terra, narcotráfico e o tráfico 💶 de armas”, explica Lima. “Dá para dizer, sem nenhuma margem de erro, que hoje o principal inimigo da Amazônia, o 💶 principal inimigo do Brasil, é o crime organizado.”

A dinâmica do crime local começou a mudar principalmente a partir de 2023, 💶 diz o pesquisador, quando a organização criminosa Comando Vermelho (CV) fez uma parceria com a facção local Família do Norte 💶 para usar a rota de Tabatinga (AM) como principal via de abastecimento de drogas, principalmente cocaína e skank (ou skunk, 💶 maconha de efeitos altamente potentes).

“Hoje essa rota é a segunda mais importante do país”, explica Lima. “Só perde para a 💶 rota que o Primeiro Comando da Capital (PCC) controla em Ponta Porã (MS).”

Além da presença do CV (de origem carioca) 💶 e o do PCC (criado em São Paulo), há a atuação de organizações criminosas locais, como os grupos Bonde dos 💶 13, Deus da Morte, Os Crias, Cartel do Norte, entre outros.

Facções atuam em simbiose com redes de crimes ambientais

Resultados dos 💶 inúmeros processos históricos de ocupação da região, a violência não é uma novidade nos Estados da Amazônia, explica Lima. Mas 💶 no caso das facções, há uma diferença.

“As frentes de expansão sempre foram como a borracha, por exemplo, onde os seringueiros 💶 iam para dentro da floresta, tiravam a borracha e iam embora. Com o garimpo, as pessoas vão, tiram os minérios 💶 e vão embora deixando condições precárias de vida para quem fica”, diz ele.

Com as facções, o processo acontece de forma 💶 diferente, de dentro para fora, explica Lima, porque elas precisam ocupar o território de forma permanente para poder consolidar as 💶 suas rotas e, inclusive, brigar com as demais facções que tentam ter esse controle.

“As facções ficam no território. Elas usam, 💶 por exemplo, a estrutura do garimpo para escoar drogas e a economia local para lavar dinheiro. Vão conectando o território. 💶 O que a gente percebe é que, no fundo, a região virou quase como um enorme hub logístico do crime 💶 organizado”, diz Lima.

“Assim como a Zona Franca de Manaus passou a ter importância estratégica para a produção industrial, a região 💶 amazônica passou a ter uma importância estratégica para a economia do crime.”

Nos últimos anos, fatores como a diminuição da 💶 fiscalização ambiental na Amazônia e o aumento de presos em prisões superlotadas e precárias (usadas como local de recrutamento) contribuíram 💶 para a consolidação das facções na região, aponta o estudo.

'As facções se aproveitam dos vazios, da ausência de Estado'

A pesquisa 💶 identificou também a atuação de pelo menos 10 organizações criminosas internacionais nas regiões de fronteira, que atuam em conjunto com 💶 os grupos brasileiros e em outras vezes disputam rotas e territórios.

Desdobramentos políticos recentes em países vizinhos também contribuíram para ampliar 💶 essa atuação, explica Rodrigo Chagas, pesquisador da Universidade Federal de Roraima (UFRR) que também participou da pesquisa do FBSP.

Alguns exemplos 💶 são a crise na Venezuela e os acordos de paz entre o governo da Colômbia e as Farc (Forças Armadas 💶 Revolucionárias da Colômbia). Depois disso, foi registrada nas regiões de fronteiras da Amazônia brasileira a presença de grupos dissidentes das 💶 Farc, como a Frente Armando Rios, Frente Carolina Ramirez e Frente Segunda Marquetalia, além de facções peruanas, como Clã-Chuquzita, Comando 💶 de Las Fronteiras e Los Quispe-Palamino.

Em Roraima, o grupo venezuelano Trem do Aragua e os brasileiros CV e PCC disputam 💶 o controle. Há indícios também de novas facções da Venezuela atuando na capital, Boa Vista.

Apesar da presença dos criminosos estrangeiros 💶 no Brasil, a ampliação da atuação dos grupos brasileiros nos outros países da América Latina é bem mais proeminente, explicam 💶 os pesquisadores.

“Os grupos brasileiros é que estão indo em direção a esses países e constituindo controle. Se antes eles faziam 💶 contato com os grupos estrangeiros para ter acesso às rotas, hoje a gente vê a presença do PCC e do 💶 CV nos territórios desses países”, diz Lima.

Não há, segundo o estudo, um grupo que possa ser considerado hegemônico na região. 💶 As disputas de poder, inclusive, levam a conflitos de extrema violência, como o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) 💶 em Manaus, em 2023, que resultou na morte de 54 pessoas, algumas delas decapitadas. Acre, Amazonas, Roraima e Amapá são 💶 os Estados onde as disputas têm sido mais intensas nos últimos anos.

No entanto, seria possível perceber que o PCC e 💶 o CV são tanto as facções com maior controle no Brasil quanto as que mais atuam nos países vizinhos da 💶 região.

O PCC tem atuação na Bolívia, na Guiana, na Guiana Francesa, no Suriname e na Venezuela. Já o CV tem 💶 presença registrada no Peru e na Bolívia.

“Pensando nos nove países que compõem a Amazônia, o PCC é o único grupo 💶 da região que está presente no Brasil e em mais cinco países”, destaca Lima.

Crédito, FBSP/Divulgação

A pesquisa pontua que o aumento 💶 do narcotráfico pode ser verificado inclusive por outros indicadores, como o aumento de apreensões de cocaína pelas polícias federal e 💶 estadual.

Entre 2023 e 2023, a apreensão de cocaína pelas polícias locais cresceu 194%, com um total de mais de 20 💶 toneladas em 2023.

Mas o estudo destaca que, nesse mesmo período, as apreensões pelo Exército e pela Marinha tiveram um volume 💶 quase insignificante. Em 2023, por exemplo, a soma de maconha e cocaína apreendida por ambos os órgãos não chegou a 💶 4 toneladas.

A integração da atuação do Exército e da Marinha com as polícias locais, a Polícia Federal e instituições como 💶 o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) é uma das 💶 iniciativas apontadas pelos pesquisadores como essenciais para combater as facções. Também é preciso investir em investigação para esclarecer crimes, reduzir 💶 a impunidade e melhorar as condições do sistema penitenciário.

Mas segundo os pesquisadores, recuperar os territórios e diminuir os índices de 💶 violência é uma tarefa que exige um conjunto de ações além da esfera criminal - ela vai desde impedir a 💶 invasão das reservas indígenas até fortalecer a economia local e garantir fontes de renda legais para a população.

“As facções se 💶 aproveitam dos vazios, da ausência de Estado”, diz Lima. “É preciso prevenir a violência levando direitos. Os povos indígenas, os 💶 quilombolas, têm que ter suas terras garantidas. Nós precisamos garantir isso, garantir que eles não sejam expulsos pelas facções. É 💶 preciso ter serviço público, política pública. É preciso ter estrada, ter financiamento para uma produção que seja sustentável.”

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